segunda-feira, 17 de abril de 2017

Respondendo perguntas - Medo de engordar - parte 4

Essa pergunta não foi feita por ninguém especificamente mas, ao mesmo tempo, talvez seja feita por todo mundo, ao mesmo tempo e tem relação com o tema "voltar a engordar".

A pergunta mais objetiva que nós, "os operados", fazemos com muita frequência é essa: "será que vamos engordar de novo?" E o pior é que a resposta não é tão simples assim.

Segundo o site da clínica em que fui operada:  "Talvez 10% dos pacientes operados tenham uma reengorda parcial, que pode ocorrer alguns anos após a cirurgia. Esses casos são muito complexos e envolvem muitos fatores diferentes como, por exemplo: problemas psicológicos, compulsão por doces e sedentarismo. O tratamento inicial é sempre com a Nutricionista e com a Psicóloga." (Clínica Franco e Rizzi). Recentemente, o programa Bem-Estar da Rede Globo também tratou sobre o assunto (veja o vídeo em Programa Bem-Estar ).

Parece simples né? "Cuide do seu 'psicológico' e tudo vai dar certo" - essa parece a msg que nos transmitem. E vejam só, "tudo vai dar certo" significa, pra maioria das pessoas, que vc não vai mais engordar. Mas quem garante?

Então, vamos lá! Objetivamente, o fato é que nenhum de nós consegue garantir que não engordará mais. No meu caso, por exemplo, sigo rigorosamente todas as instruções que recebi do médico e da equipe que me acompanha (nutricionista e psicóloga). Acredito que não posso fazer uma intervenção tão profunda e complexa e simplesmente, não ser dedicada no pós-operatório. Uma coisa que sempre passou pela minha cabeça foi que ao final, quero ter a convicção de que fiz tudo o que precisava fazer. 

Segundo, que a sensação de emagrecer após a cirurgia é fantástica! Imagine que alguém tentou a vida inteira uma coisa e nunca conseguiu. De repente, consegue! É impressionante e funciona como uma força motivadora ainda maior para seguir corretamente as instruções. Assim foi comigo! 

Porém é preciso dizer, que alguns já se perdem aqui: por que não comer umas coisinhas diferentes se vou emagrecer de qquer jeito? Esse é o pensamento de alguns, infelizmente. Isso não aconteceu comigo por uma razão simples, eu acho: eu tinha (tenho) medo de passar mal (o famoso "dumping"). Eu nunca tive uma crise de dumping de verdade, completa: taquicardia, suador, sensação de desmaio, tontura... e morro de medo de ter! Então, isso me motivou mais ainda a ser radical no pós-cirúrgico, especialmente nos primeiros 6 meses.Aos poucos, vamos nos adaptando e até mesmo arriscando comer uma coisinha ou outra, mas o "medo de passar mal", não me deixa abusar. Isso é bom!

Após quase 11 meses de cirurgia, já tenho uma alimentação "normal", ou seja, não há nada que eu não possa comer, nada proibitivo. Contudo, há sempre escolhas para fazer e aí está a parte difícil. Por exemplo, faço pequenos lanches a cada 2 ou 3 horas. O mais fácil e prático para mim é levar bolachinhas integrais. Mas isso é um problema porque é só carboidrato. Então tenho que variar as bolachinhas, com castanhas (mix de castanhas, amendoim e passas), frutas, iogurte, queijo, frutas secas... Parece fácil mas isso exige planejamento (precisamos ir ao mercado com mais frequência, separar "cardápios" diferentes diariamente, etc) e disciplina, além de determinação e até força de vontade (passar em frente a vitrines esfumaçantes, suportar cheiros deliciosos, etc).

Outra coisa muito importante é a atividade física. Senti a diferença depois de ter parado para fazer a fisioterapia. Perder peso foi mais difícil (tudo bem que nesse finalzinho, faltando apenas 5 kg pra meta, parece que fica mais difícil mesmo), voltei a inchar (retenção de líquido), a ansiedade aumentou (sabe aquela coisa de "descarregar" as emoções no exercício? então, funciona!)... 

Por enquanto, não sinto fome. Mas nunca deixei de sentir vontade de comer. E com isso tenho que lidar para sempre!

Conheço muita gente que fez algum tipo de cirurgia para emagrecimento. Conheço operados que se deram muito bem. Conheço operados que voltaram a engordar. Conheço operados que mantiveram um peso muito bom. Conheço operados que vivem de dieta para não voltar a engordar. Conheço operados que estão planejando uma nova intervenção cirúrgica. Conheço GENTE! É obvio: conheço gente que engorda e emagrece, que é feliz e triste, que viaja ou não, que trabalha ou não, que estuda ou não. E nós, os operados, também somos assim. 

Se tenho medo de engordar? Tenho sim! Medo de adoecer com a obesidade de novo. Medo de ter dificuldades de locomoção de novo. Medo de voltar a ser "a gorda" que tem que ser legal de novo...
Mas estou na luta, para manter-me saudável, ativa e íntegra. 

Quer me ajudar? Vamos juntos! Ore por mim! Caminhe comigo! 

E vc, quer fazer alguma pergunta???

obs: já clicou lá em cima no botão "SEGUIR"??? 😁

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Respondendo as perguntas - parte 3 - Meus filhos

A última pergunta que a Dani Frozi me fez foi: "Antes vc era mais ligada na criação dos filhos? Como eles percebem você? Eles te amavam pelo que era e não seu corpo. Algo em vc mudou e como eles a percebem?"

Talvez essa seja uma das perguntas mais difíceis de responder porque além de uma autoavaliação, ainda tenho que perceber com um olhar "crítico e avaliativo" os meus filhos. Mas vamos lá que vale a pena tentar...

Se vc acompanha o blog, sabe que tratei com muito cuidado a maneira como eles receberiam a informação da cirurgia e afins. Acho que foi um cuidado importante e bem sucedido.

Alguns meses depois da cirurgia, o Samuel me perguntou se a cirurgia que eu tinha feito tinha alguma relação com emagrecer. Respondi que sim e perguntei porque ele estava perguntando. E ele com simplicidade respondeu, aliviado, que achou que eu estava com câncer porque eu estava emagrecendo e perdendo o cabelo e alguém (ele não soube precisar quem) disse que quem emagrece muito e perde cabelo, tem câncer. Tadinho... imagina o quanto sofreu com essa possibilidade!😞 Expliquei então, com mais objetividade o que era a cirurgia que eu tinha feito e porque estava emagrecendo e perdendo cabelo. Ele entendeu e disse: "ufa... q bom!" O Thiago ouviu tudo e disse: "câncer? nossa! ainda bem que você tá bem né mamãe?!" Fofos!😍

Sempre me preocupei e me ocupei com a educação dos meninos. Eu e o Luciano sempre conversamos a respeito, pensamos em estratégias. Erramos muito, acertamos algumas vezes. Sofremos e ficamos sem saber o que fazer em muitas situações. Em outras tantas, nos orgulhamos do que eles fizeram, das escolhas que tiveram! Mas ouvindo pessoas mais experientes, lendo (livros e principalmente a Bíblia) e orando, temos trabalhado para educar os meninos para que se tornem homens cristãos, íntegros, trabalhadores, afetuosos, alegres... 

O que mudou após a cirurgia é que percebo que como tenho mais disposição, consigo estar atenta a mais coisas, a mais detalhes e portanto, cuidar de mais aspectos da educação deles. Mas o que sempre me preocupa é o coração deles. Me preocupo mais com o coração do que com o comportamento já que entendo que este último é reflexo do primeiro. Mas esse é assunto pra outro dia.

A percepção deles sobre minha mudança física é clara: eles brincam que agora eu não tenho mais "barrigão"; que agora sou "magrinha" mas que continuo "fofinha"; me abraçam e beijam sempre. Também percebem que tenho mais disposição pra fazer as coisas, que durmo menos pelos cantos, que me exercito com mais frequência, que me alimento em menores quantidades e mais vezes. 

É óbvio que minha mudança alimentar os afetou já que eles também passaram a comer mais adequada e equilibradamente. Agora implico mais para que o Thiago coma verduras e legumes e menos doces, por exemplo. Já o Samuel, come verduras e legumes que é invejável! Mas é uma briga pra tomar leite! Enfim, nada de sossego... kkkk

Logo após a cirurgia, fiquei mais irritada e eles perceberam a irritação, mas nunca a relacionaram com a cirurgia. Também sempre fui muito clara com eles com relação a irritação a ponto de dizer "vai pro quarto e espera que quando eu me acalmar, vou lá pra conversarmos". Eles precisam entender que nem sempre estamos bem, que as vezes precisamos de tempo para respirar e acalmar... e que isso vale pra eles também!

Mas acho que a principal mudança é a qualidade do tempo com eles. Apesar de estar trabalhando mais do que antes, todo o tempo que eu tinha com eles, eu estava tão cansada e sonolenta que dormia sentada! Agora, não!!! Consigo brincar, jogar, pular, dançar, correr, ver filme, acompanhar os estudos... 

Acho também que o nível de exigência mudou: acho que estou mais exigente até. Mas na verdade, uma exigência que agora oferece companhia para caminhar, juntos, passo a passo, lado a lado! E isso é infinitamente melhor do que simplesmente exigir e ficar olhando, sem participar, sem acompanhar...

Quero muito que meus meninos sejam meus amigos! Mas entendo que para isso, preciso ser uma boa MÃE agora. Só se eu for uma mãe agora, poderei colher o fruto da amizade deles, no "agora" e no futuro. Que Deus assim me ajude!